sábado, 19 de junho de 2010

Bom Dia #2



Sonho. Sonho que estamos os dois, numa praia deserta, a desfrutar do brilho do sol, da suavidade da brisa, da fina areia que se cola ao corpo depois de um refrescante mergulho, até que, de repente, acordo! Odeio acordar a meio de um sonho! Olho para o lado e encontro-te a dormir profundamente, com o teu ar de anjo pelo qual me apaixonei. Que horas serão? Estico o braço para pegar no telemóvel. Carrego numa tecla aleatória, apenas para iluminar o ecrã. Seis menos um quarto. Tão cedo! Fecho os olhos e viro-me para o outro lado, para ti, na esperança de voltar a adormecer. Viro-me e reviro-me, encosto a cabeça ao teu peito, nada! O sono já não volta. Deito-me de barriga para cima, na escuridão, a pensar. Lembras-te do dia em que nos conhecemos? Naquela festa do teu amigo, como é que ele se chamava? Bruno? Sim, Bruno! Era o último ano da faculdade. Tu, um futuro arquitecto e eu, uma futura advogada. Ai, bons velhos tempos! Continuas mergulhado nos teus sonhos e eu decido finalmente levantar-me. Muito silenciosamente saio da cama e, às escuras, vagueio pelo quarto, em busca do meu robe, aquele cor de salmão, que a tua avó me ofereceu no Natal, lembras-te? Ah, está aqui. Visto-o e dou um nó frouxo na frente. Saio, descalça (adoro sentir a pedra fria na planta dos pés!) e começo a descer as escadas, com cuidado, para não tropeçar no degrau solto. Entro na casa-de-banho, abro a torneira e refresco a cara. Agora sim, estou bem acordada! Demoro-me a olhar ao espelho. Preciso de cortar o cabelo, está a ficar comprido. Dirijo-me à cozinha. Ponho umas fatias de pão na torradeira e água na máquina do café Sei que adoras o cheiro a café acabado de fazer, pela manhã. Encho uma cafeteira com leite e coloco no fogão e talvez ainda haja alguns biscoitos na dispensa, vou ver. Hoje vais acordar e encontrar o pequeno-almoço feito, só mimos! Aqui estão os biscoitos, foi a minha mãe que os fez, já nem me lembrava. Preparo a mesa, com as chávenas, talheres, manteiga, fiambre, queijo, aquele doce caseiro da dona Ana... Tudo pronto, páro, a pensar em como gostaria que todos os dias fossem assim, sem a pressa de levantar, tomar banho, comer meia torrada e ir a correr para apanhar o metro. Perdida nestes pensamentos, sinto um par de mãos na cintura e dou um pequeno salto, assustada. Mas logo me apercebo de quem se trata, esboço um sorriso e tu encostas os teus lábios ao meu pescoço... Bom dia!

Fotografia: RobertoTerra

1 comentário:

  1. Confesso que fiquei baralhada ali no 'tu um futuro arquitecto e eu uma futura advogada' :P Anyway, continuo à espera do meu final trágico e deprimente :D

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